PARTE II O Nervo Vago (X) e o Sistema Nervoso Autónomo (SNA) e a Teoria Polivagal

O nervo vago é um dos maiores nervos do corpo e desempenha um papel vital em muitas funções do nosso corpo. Tem a sua origem no tronco cerebral e desce pelo pescoço, passando pelo tórax até o abdômen.

Como já falamos anteriormente, este nervo está envolvido na regulação de funções corporais importantes, incluindo respiração, frequência cardíaca, digestão e resposta imunológica. Contudo, ele também desempenha um papel no controle do humor, das emoções e do comportamento social.

O nervo vago, é também chamado de “nervo errante” ou “nervo vagabundo” devido às muitas partes diferentes do corpo que percorre e com as quais interage. 

Estudos revelam que estimular o nervo vago pode ter um efeito calmante no corpo.

De acordo com a teoria POLIVAGAL, descrita em 1994 por Stephen Porges, o nosso sistema nervoso tem três estados de resposta principais.

Cada uma destas respostas é ditada por uma parte diferente dos ramos do Vago, em conjunto com os outros circuitos do SNA e 4 pares de nervos cranianos em sincronia. 

Portanto, de maneira simplista, o bom funcionamento do conjunto é que vai determinar a nossa capacidade de gestão do estresse e em consequência parte da nossa saúde.

AS TRÊS VIAS NEURAIS DO SNA

A primeira via neural é o sistema nervoso do envolvimento social. Este compreende a atividade no ramo VENTRAL do nervo vago e de outros 4 nervos cranianos (NC V, VII, IX e XI). A atividade neste circuito tem efeito calmante, promove o descanso, as emoções positivas, o envolvimento em atividades e a convivência social, o relacionamento com família, amigos e entes queridos.  

Com esta via, ativamos respostas de “engajamento social”, quando nos sentimos seguros e conectados uns com os outros. É quando estamos relaxados e abertos à interação com o mundo a nossa volta, e isso é comunicado pelos nossos olhos, expressões faciais e tom de voz.

A segunda via neural é a corrente simpática espinal, que é ativada quando sentimos alguma ameaça à nossa sobrevivência e está relacionada a emoções de perigo ou medo. Neste estado conseguimos através de um esforço além do normal ultrapassar adversidades. Este estado de “mobilização pelo medo” surge quando não nos sentimos seguros e cria a possibilidade de fugirmos ou de combatermos um perigo iminente. 

A terceira via neural é o ramo dorsal do nervo vago. Esta via é ativada quando nos deparamos com uma situação onde não nos sentimos com capacidade de tomar nenhuma atitude e não vale a pena fugir nem lutar, o que nos resta é paralisar.

Esta resposta de “colapso”, é ativada quando nos sentimos oprimidos ou impotentes, e a ativação dessa via gera sentimentos de apatia, desespero e leva-nos ao distanciamento e isolamento social. Este estado também pode ser descrito como “imobilização por medo”, onde o nosso corpo desliga e podemos nos sentir entorpecidos ou desconectados do ambiente.

Os ramos DORSAL e VENTRAL do nervo vago têm origem em diferentes locais no cérebro e tronco cerebral, seguem vias diferentes e além disso também possuem diferentes funções. Na realidade, não existe uma ligação direta anatómica ou funcional entre os dois, que são praticamente entidades separadas e distintas, que evocam duas respostas emocionais e comportamentos diferentes entre si.

Fontes: The Polyvagal Theory: Neurophysiological Foundations of Emotions, Attachment, Communication, and Self-regulation. Autor: Stephen Porges

O poder curativo do Nervo Vago. Autor: Stanley Rosenberg

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